Como é morar em uma homestay?
Uma das maiores preocupações para quem vai estudar no exterior obviamente é o lugar onde morar.
Dependendo da instituição de ensino escolhida existem muitas opções de moradia como: residência estudantil, hostel, campus, hotel, etc, mas, sem dúvida, uma das mais enriquecedoras e também mais baratas financeiramente falando é a casa de família, também chamada de homestay, casa hospedeira ou família hospedeira.
A moradia na casa de uma família estrangeira é um assunto delicado e este artigo foi pensado para ajudar o aluno a encarar o assunto de forma realista, pois aqui no Brasil a ideia de ficar numa casa de família estrangeira na maioria dos casos ou é romanceada no melhor estilo “família comercial de margarina” ou é algo que costuma causar muito receio e preocupação aos pais dos intercambistas.
Então antes de entrar no assunto do post é importante primeiramente mencionar que todas as famílias admitidas para receber estudantes passam por uma seleção criteriosa pelas escolas estrangeiras e em praticamente todas as escolas existe um departamento de Homestay exclusivamente voltado para:
- cadastrar famílias interessadas em receber estudantes internacionais – isso é feito mediante o preenchimento de um questionário onde a família precisa informar os nomes e idades de todos os membros da casa, se há pets, se há alguém que fuma, quais são os hobbies de cada um, como é a casa, etc;
- selecionar as famílias por meio de entrevistas e visitas à residência – isso é feito para conhecer pessoalmente a família e conferir a estrutura da casa onde o aluno ficará acomodado. É nessa oportunidade que o fiscal da escola vai verificar qual o espaço do quarto, como é a decoração (ex.: tem mesa de estudo?), como é o acesso para o banheiro, qual a distância entre a casa e a escola, como é o meio de transporte para esse trajeto, etc.
Após a família hospedeira ser aprovada no processo, a escola mantém esse departamento à disposição do aluno para que ele possa reportar como está sendo a sua experiência e para interferir caso seja necessário.
É possível construir uma relação verdadeiramente familiar na casa onde vamos morar fora do Brasil?
A resposta é afirmativa, entretanto, para que o relacionamento chegue a este estado tão profundo de amizade e confiança isso precisa ser construído pelo próprio aluno e para isso é importante ter conhecimento de que:
FAMÍLIA BRASILEIRA x FAMÍLIA ESTRANGEIRA
- O comportamento numa família brasileira (nas famílias latinas, de forma geral) não é o mesmo comportamento observado nas famílias de origem britânica ou alemã, pois nossas culturas são bastante diferentes no aspecto de convívio familiar. Em geral, as famílias latinas são mais protetoras e próximas aos filhos, já nas famílias de origem anglo-saxãs, prioriza-se mais a autonomia e independência dos filhos. Um exemplo disso é que geralmente em países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Reino Unido, os filhos com 17 anos já deixam a casa dos pais, seja para estudar fora, seja para ter maior independência morando com amigos. Obviamente isso não quer dizer que os pais nesses países não amem seus filhos, é uma questão puramente cultural mesmo, eles foram criados assim e valorizam muito essa autonomia, portanto, se a cultura é essa entre pais e filhos, ao receber um estrangeiro em casa, o comportamento natural conosco vai ser o mesmo, ou seja, orientar quando é necessário obviamente, mas não ficar o tempo todo preocupado e “segurando pela mão” para tudo.
MUITOS ESTUDANTES INTERNACIONAIS
- Outro aspecto é que as famílias hospedeiras costumam receber alunos de vários lugares do mundo e muitas vezes recebem até mais de um estudante ao mesmo tempo (sempre de nacionalidades diferentes para manter o idioma local como o padrão na casa). Agora, imaginem se os membros dessas famílias fossem se apegar afetivamente com todos esses estudante como se fossem pai e mãe? Com certeza seria psicologicamente difícil administrar a situação de a todo momento estar se despedindo de alguém sabendo que as chances de rever serão bem difíceis.
Importante dizer que para ficar na casa dessas homestays existe um auxílio financeiro repassado para essas famílias, mas esse não é um valor exorbitante a ponto da família se propor a fazer esse acolhimento apenas por causa da parte financeira. Por experiência, percebemos que a maioria dessas famílias curtem demais a experiência de ter um estudante internacional na casa, é praticamente uma forma de conhecer um novo país sem sair de casa, sem contar que em muitos casos há casais que fazem isso por conta dos filhos já terem saído de casa deixando-a cheia de quartos vazios, ou seja, é uma forma de continuar a ter uma casa mais movimentada e cheia de vida novamente.
A amizade, o carinho e a afeição, tão típicos da nossa cultura com certeza tem campo para florescer e para isso precisamos demonstrar respeito pelas regras da casa, cuidado com a manutenção dos itens que nós usamos da casa, manter o nosso ambiente limpo e organizado, etc.
Por experiência própria, inconscientemente, quando fui achava que a família onde ia ficar seria como a minha família daqui (a verdadeira!), mas isso não aconteceu de forma imediata, entretanto, com a convivência e com os laços de amizade e respeito que foram se formando posso dizer que consegui me tornar amiga de todos, a ponto da mãe da família passar horas conversando comigo quando eu me demiti de um emprego ruim…a ponto dela preparar apenas para me agradar os meus muffins preferidos (com blueberries!).
Como é morar em uma homestay: algumas dicas práticas da Open
- Perceba a rotina da casa e faça o máximo para respeitá-la ou para interferir o mínimo possível nela (ex.: nada de esquecer roupas na máquina de lavar ou de secar para que alguém da casa precise tirá-las de lá para lavar as roupas dela).
- Cuidado com banhos demorados! (rssssss)
- É de bom tom sempre se oferecer para ajudar nas tarefas que eles estiverem fazendo (ex.: preparação do jantar de Ação de Graças).
- Em ocasiões especiais como Natal, Dias das Mães, aniversários, etc, vai ser legal se você puder comprar alguma lembrancinha e mostrar que se importa com eles (não precisa ser nada caro, o gesto é o que mais importa!).
- É legal levar alguma lembrancinha para dar à família. Mais um vez, não precisa ser nada caro. Um presente que é bem interessante e eles vão apreciar é esses livros turísticos que falam sobre os costumes e regiões do Brasil e que tem bastante fotos (é muito fácil encontrá-los em outros idiomas). Você ainda pode escrever uma dedicatória para a família.
- Se optar por presentes individuais, faz bastante sucesso levar: chinelos de dedo, camisetas do Brasil, cremes com ingredientes naturais, artesanatos, chocolates, doce de leite, etc…
- Se a família for “comer fora” e te levar, é sempre elegante se oferecer para pagar a sua parte, é possível que eles não aceitem, mas pelo menos você foi gentil em perguntar, ponto pra você!
- Se for bom cozinheiro, seria legal tentar preparar algum tipo de comida brasileira para eles experimentarem (sugestão que agrada: pãozinho de queijo, brigadeiro, etc…).
- Seja amável, respeitoso e comunicativo e sentirá uma grande emoção e orgulho de si mesmo quando for deixar a casa e ouvir que fará falta e que eles gostaram muito de você!!!
Como eu posso me preparar para fazer um intercâmbio fora do Brasil?
Uma plataforma que pode ajudar muito é o curso online Duolingo. Ele é um curso gratuito, traz exercícios bem interativos e pode inclusive te ajudar a se preparar para uma futura Certificação Internacional Duolingo que têm sido cada dia mais aceita em universidades fora do Brasil.
Outra forma muito bacana de aprender o idioma é se comunicando com outros falantes daquele idioma (nativos ou não).
Para te ajudar com isso, uma dica é você se cadastrar na plataforma Meetup, uma rede social onde você se conecta com grupo de pessoas com interesses em comum, como por exemplo falar inglês. Basta você procurar grupos existentes na sua cidade, geralmente esses grupos marcam eventos em cafeterias e lanchonetes, basta você aparecer e começar a treinar o seu idioma!!! Em muitos grupos é comum que participem falantes nativos que moram no Brasil e que querem fazer amizades por aqui!
Para aqueles que temem fazer amizades com muitos brasileiros e dessa forma “praticar” apenas o português, retornando ao Brasil sem ter aprendido nada do idioma nativo do país, também é bom ler “Amigo brasileiro, ter ou não ter?”